Esta peregrinação estará na aldeia dos Cucos (e Faias), antiga aldeia Avieira em Benfica do Ribatejo e onde o nosso Rancho teve génese, no próximo dia 8 de Junho – Oportunamente publicaremos o programa.
Dois países, 15 paragens, 53 localidades, quase 300 quilómetros, uma imagem – Nossa Senhora dos Aveiros e do Tejo – transportada numa embarcação tradicional (bateira e o picoto). A VII edição do Cruzeiro Religioso e Cultural do Tejo, que é também o I Cruzeiro Ibérico, quer devolver o rio Tejo às comunidades ribeirinhas. De 25 de maio a 23 de junho ligará uma localidade fronteiriça do lado de Espanha ao estuário, paredes meias com o Atlântico.
De Santiago de Alcântara, em Espanha,
a Oeiras, 15 etapas de paragem obrigatória, percorrendo 53 localidades
ribeirinhas, ao longo de quase 300 quilómetros pelo rio Tejo, com início marcado
para este sábado, 25, e final quase um mês depois, a 23 de junho.
Transportando a imagem de Nossa
Senhora dos Aveiros e do Tejo numa embarcação tradicional (bateira e o picoto),
a VII edição do Cruzeiro Religioso e Cultural do Tejo, que é também o I Cruzeiro Ibérico, é uma peregrinação fluvial às
comunidades ribeirinhas e às aldeias Avieiras, nas margens do Tejo, e pisa,
este ano, pela primeira vez, território espanhol, ligando a localidade
fronteiriça espanhola até ao estuário do rio que desagua no oceano
atlântico.
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A viagem, cruzeiro religioso e
cultural, que decorre “sempre aos fins de semana e aos feriados” procura unir as
populações ribeirinhas, promover a componente cultural e económica e arrasta
igualmente uma “proto religiosidade”, explicou ao SAPO24, João
Serrano, da Confraria Ibérica do Tejo,
entidade organizadora.
“Tem o mérito de cativar as pessoas e
mostrar que o Tejo não é um ser abstrato, é sim um ser vivo natural, fonte de
vida, que hoje está numa situação grave, sendo o rio mais ameaçado na Europa”,
alerta.
“Procuramos acordar a consciência
cívica para o nosso rio. São as paróquias e os padres que nas homílias falam
disso”, refere. Dá como exemplo uma homilia do pároco de Vila Velha de Rodão
(localidade ribeirinha e paragem obrigatória) que “numa oração da Boa Viagem
fala de um Tejo de outrora em se via peixe e que disse há dois anos, as palavras
podem não ser exatamente estas, mas o sentido é esse: Deus vos guie até Oeiras
nesse Tejo que hoje está moribundo”, recorda.
“As embarcações, com sete metros,
típicas dos pescadores avieiros, semelhantes às da ria de Aveiro, ílhavo e
Vieira de Leiria” partem este sábado, 25, numa primeira etapa que liga
Rosmaninhal e Santiago de Alcântara, localidades fronteiriças do lado espanhol,
a Vila Velha de Ródão, a primeira localidade importante que o rio encontra em
Portugal.
“Uma das dificuldades que vamos
encontrar no Tejo internacional prende-secom as proibições de navegação devido à
nidificação de aves nessa zona do rio. Só é permitido navegar com motores
elétricos, sendo que do lado espanhol permitem duas embarcações e do lado
português uma”, anota João Serrano, que faz parte da equipa de terra e que fará
todo o percurso pelo asfalto. Pelo rio segue outra equipa, sendo que “há quem
faça o percurso do princípio ao fim” dentro dos barcos.
“O segundo obstáculo é a barragem de
Cedillo, outrora fronteira entre os dois países. A imagem é transbordada para
outra embarcação a jusante que está do lado de quem vem de Vila Velha”.
“Temos uma preocupação ambiental, mas não lutamos, nem reivindicamos, mostramos como está”
Esta "é uma festa das gentes ribeirinhas, na sua vertente cultural e religiosa. Em cada etapa por onde passa a Nossa Senhora dos Avieiros e do Tejo entregamos as homenagens e convívios as câmaras municipais, paróquias e empresas e envolvemos toda a comunidade”, conta João Serrano.“Paramos em sítios incríveis e desconhecidos”, entre os quais, refere, “Perais e Mouriscas”.
Tudo ficará registado para memória
futura nas “15 crónicas das 15 etapas” escritas e documentadas nas redes sociais
do cruzeiro.
Neste percurso, atenta que, por
vezes, a imagem da Nossa Senhora do Avieiros e do Tejo, “criada há oito anos” e
“consagrada na Catedral de Santarém, pelo bispo de Santarém, e coroada em Vila
Velha de Ródão, pelo bispo de Portalegre e Castelo Branco”, é “transportada
até às igrejas da localidade mais próxima do ponto de desembarque”. Desta
forma procura-se envolver toda a comunidade.
Numa memória descritiva, a Confraria
Ibérica do Tejo refere que o Cruzeiro Religioso e Cultural tem como objetivos
específicos "dinamizar a economia local e regional, reforçar a identidade das
comunidades, aproximando-as através da partilha cultural e religiosa, aproximar
as comunidades do rio Tejo para usufruírem da sua riqueza patrimonial, cultural
e natural, e transformar as comunidades ribeirinhas em elementos divulgadores
das enormes potencialidades do rio na área do turismo sustentável e das culturas
a ele associadas”.
Há igualmente uma preocupação
ambiental. “Está prevista a utilização de loiça biodegradável (Espaço BIO –
ação de sensibilização ZERO plástico) e projeção de um vídeo de
sensibilização ambiental” em algumas das paragens, lê-se nesse mesmo
documento.
“Temos uma preocupação ambiental, mas
não lutamos, nem reivindicamos, mostramos como está”, frisa João Serrano.
“Em 2918 tivemos 11 mil peregrinos e
242 embarcações”, uma contabilidade feita etapa a etapa. “É uma cadeia que se
alimenta a si própria”, finaliza o responsável da Confraria Ibérica do
Tejo.